A Goteira
A Goteira – Paulo Braga Silveira Junior
É comum após chover
escutar-se a noite inteira
o pingar de uma goteira
num monótono bater
E, se a gente sai pra ver,
do telhado sob a beira
uma lata seresteira
gota a gota a receber.
“Lata amiga, por que choras,
através de tantas horas,
sem te encheres nunca d’água?”
Lembrar fazes corações
recebendo ingratidões
sem jamais guardarem mágoa!…
Soneto: A goteira – Autor: Jordano Paulo da Silveira
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O enterro da Cigarra (Olegário Mariano)
As formigas levavam-na… Chovia…
Era o fim… Triste outono fumarento!…
Perto, uma fonte, em suave movimento,
cantigas de água trêmula carpia.
Quando eu a conheci, ela trazia
na voz um triste e doloroso acento.
Era a cigarra de maior talento,
mais cantadeira desta freguesia.
Passa o cortejo entre árvores amigas…
Que tristeza nas folhas… Que tristeza!
Que alegria nos olhos das formigas!…
Pobre cigarra! Quando te levavam,
enquanto te chorava a Natureza,
tuas irmãs e tua mãe cantavam…
Quem tinha vindo para ser escrava (Onestaldo de Pennafort)
Ela chegou, chegou-se a mim… E disse
que tinha vindo para ser escrava.
E eu respondi-lhe que era uma tolice
aquela frase que ela murmurava.
Lembrei-lhe a triste história de Belkiss…
E ela, sem dar ouvido ao que escutava,
fechou os olhos… E, num beijo, disse
que tinha vindo para ser escrava.
E eu, num gesto de pura maluquice,
ao vê-la assim tão cheia de meiguice,
abri os braços para a que chegava,
sem pressentir que, por desgraça minha,
do meu destino ia ficar rainha
quem tinha vindo para ser escrava.
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