Cigarro

Cigarro

Cigarro – Paulo Braga Silveira Junior

Queria ser teu vício, teu cigarro
a estar na tua boca todo instante
e entre os teus dedos o tempo bastante
pra marcas te deixar desse meu sarro!

Sentir o entorpecer leve e constante
dos pensamentos teus onde me agarro
e ser teu cheiro, gosto, o teu pigarro,
o amigo mais presente, o teu calmante…

Desejo arder contigo todo afago
dos lábios teus em mim e, a cada trago,
te penetrar no afã desse querer…

Enfim, ao me acabar, ter satisfeito
os teus anseios todos e, de efeito,
tornar-me o que te dá total prazer!

Soneto: Cigarro – @PauloBragaJr – Paulo Braga S. Junior/Agosto/2020

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Outros Sonetos

Colisão

#Poesia #Poema #Soneto

Cadáver de Virgem (Luiz Delfino)

Estava no caixão, como num leito.
palidamente fria e adormecida:
as mãos cruzadas sobre o casto peito,
e, em cada olhar sem luz, um sol sem vida.

Pés atados com fita em nó perfeito,
de roupas alvas de cetim vestida;
o torso duro, rígido, direito,
a face calma, lânguida, abatida…

O diadema das virgens sobre a testa,
níveo lírio entre as mãos, toda enfeitada,
mas como noiva, que cansou da festa…

Por seis cavalos brancos arrancada…
Onde irás tu dormir a longa sesta
na mole cama em que te vi deitada?!…

Olhos tristes (Luiz Edmundo)

Olhos tristes, que são como dois sóis num poente,
cansados de luzir, cansados de girar;
olhos de quem andou na vida, alegremente,
para depois sofrer, para depois chorar…

Andam neles agora, a vagar, lentamente,
como as velas das naus sobre as águas do mar,
todas as ilusões do vosso sonho ardente…
Olhos tristes, vós sois dois monges a rezar.

Ouço, ao ver-vos assim, tão cheios de humildade,
marinheiros cantando a canção da saudade,
num coro de tristeza e de infinitos ais…

Olhos tristes, eu sei vossa história sombria,
e sei quanto chorais, cheios de nostalgia,
o sonho que passou e que não torna mais!

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