Encrenca
Encrenca – Paulo Braga Silveira Junior
Encrenca grossa, ao certo, é essa menina
vestida assim com tanta transparência
que dá pra ver até por dentro, a essência
e o conteúdo a qual se lhe destina!…
As curvas todas vê-se em evidência,
os seios, coxas, púbis tão divina
exposta sob uma calcinha fina
ao nu se dando em pura complacência.
Do jogo à sedução que ela provoca
acaba que nos leva, enfim, pra toca
e ali, meu “parça”, é onde o bicho pega…
Te mata de carinho e de prazer
até te ver, de amor, desfalecer
e só então que a gata, enfim, sossega!
Soneto: Encrenca – Paulo Braga Silveira Junior – Agosto/2020
Outros Sonetos
A Cegonha (Aníbal Teófilo)
Em solitária, plácida cegonha.
imersa num cismar ignoto e vago,
num fim de ocaso, à beira azul de um lago,
sem tristeza, quem há que os olhos ponha?
Vendo-a, Senhora, vossa mente sonha.
Talvez que o conde de um palácio mago
loura fada perversa, em tredo afago,
mudou nessa pernalta erma e tristonha.
Mas eu que, em prol da Luz, do pétreo e denso
véu do Ser ou Não-Ser, tento a escalada,
qual morosa, tenaz, paciente lesma,
ao vê-la assim, mirar-se na água, penso
ver a Dúvida humana debruçada
sobre a angústia infinita de si mesma!
O Cristo de Marfim (Antero Bloem)
Quando depões sobre o teu Cristo amado,
— esse Cristo que pende de teu peito,
ungido de ternura e de respeito —
um beijo de teu lábio imaculado,
eu, sacrílego, sinto-me levado
— ou seja por inveja, ou por despeito —
a arrebatar o Cristo de teu peito
e em teu peito morrer crucificado.
Mas, quando vejo, do teu lábio crente,
cair sobre o Jesus a prece ardente,
talvez por nosso amor, talvez por mim,
ardo na chama intensa dos desejos
de, arrependido, sufocar meus beijos
nesse teu alvo Cristo de Marfim.
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