Malandragem

Malandragem

Malandragem – Paulo Braga Silveira Junior

Foi malandragem minha, sim, de fato!
Eu quis te desvendar toda a nudez
e saciar-me dela de uma vez
querendo que se consumisse o ato!…

Culpado sou de usar tua timidez
me aventurando assim tal como um gato
pra ti deixar afim, no ponto exato
de se entregar com toda insensatez.

Malandro, te roubei orgasmos, tantos,
gemidos de prazer, sussurros santos
na reza que a vontade ao cio conclama…

Culpado sou… Malandro… Me condene…
Que eu cumpra pena de valor perene
matando o teu tesão, nós dois, na cama!

Soneto: Malandro – Paulo Braga Silveira Junior – Agosto/2020

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Outros Sonetos

Pedaços

Crime (Assunção Filho)

Ilustrado senhor, ficai ciente
de um crime cometido há poucos anos:
Meu triste coração, um pobre doente,
que da vida provara os desenganos,

foi um dia ferido mortalmente
por dois olhos perversos, dois tiranos,
que vivem até hoje, impunemente
soltos, causando os mais atrozes danos.

O suplicante, que é o advogado
da vítima, e, portanto, interessado
nesse processo que um mistério exprime,

em nome da Justiça, pede, humilde.
mandeis prender os olhos de Matilde,
que são autores do nefando crime.

Versos íntimos (Augusto dos Anjos)

Vês? Ninguém assistiu ao formidável
enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
mora entre feras, sente inevitável
necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
a mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
apedreja essa mão vil que te afaga,
escarra nessa boca que te beija!

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