Que tal

Que tal

Que tal – Paulo Braga Silveira Junior

Que tal trocarmos vírus, bactérias,
nos beijos vindos fartos de vontade?
Bacilos, germes no querer que invade
sem ter qualquer temor e sem misérias?!

Nós dois pegando fogo de saudade,
queimando o vício vindo nas artérias
deixar que a fome vinda das matérias
nos una a carne em fúria e intensidade?

Juntar num peito a peito, boca a boca
porque essa vida aqui tá muito é “lôca”
e essa loucura toda nos agride…

A gente vai morrer é de prazer
mas, os jornais, por certo vão dizer
que nós morremos, foi, é de Covid!…

Soneto: Que tal Paulo Braga Silveira Junior – Agosto/2020

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O Sol

Lágrimas (Bento Ernesto Júnior)

A vida, meu amor, que hoje passamos
só pode ser com lágrimas descrita,
tão grande a dor que o peito nos habita,
tão amargo este fel que hoje provamos.

Tão nublados de lágrimas levamos
os olhos, sob o peso da desdita,
que tudo que ante nós vive e palpita,
tudo inundado em lágrimas julgamos.

E todo esse lutuoso mar de pranto,
que vemos em nossa alma e em tudo vemos,
nasce de havermos nos amado tanto!…

Porém, embora a amar, tanto soframos,
cada vez mais, amada, nos queremos,
cada vez mais, querida, nos amamos.

Dulce (Castro Alves)

Se houvesse ainda talismã bendito
que desse ao pântano — a corrente pura,
musgo — ao rochedo, festa — à sepultura,
das águias negras — harmonia ao grito…

Se alguém pudesse ao infeliz precito
dar lugar no banquete da ventura…
E trocar-lhe o velar da insônia escura
no poema dos beijos — infinito…

Certo… serias tu, donzela casta,
quem me tomasse em meio do Calvário
a cruz de angústia que o meu ser arrasta!…

Mas se tudo recusa-me o fadário,
na hora de expirar, ó Dulce, basta
morrer beijando a cruz de teu rosário!…

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