Temperamento
Temperamento – Paulo Braga Silveira Junior
Bonita, sim… Mas, que temperamento!…
É fruta cuja polpa enegrecida
amarga ao paladar e traz contida
o fel do início de apodrecimento.
Perfume de embalagem na medida,
criada pra atrair quem desatento,
porém se usado, como se é o intento,
exala essência forte e, enfim, fedida.
Beleza, só, não basta; não me iludo…
O frasco tem que ter bom conteúdo
ou tudo o que se leva é prejuízo…
Só cai nessa armadilha do formoso
o jovem que se ilude e o cara idoso
que já perdeu, de muito, o seu juízo!
Soneto: Temperamento – @PauloBragaJr – Paulo Braga S. Junior/Agosto/2020
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Soneto – (Nilo Aparecida Pinto)
Rosa de ouro e cristal que, na alta rama
do pátrio idioma eternamente presa,
enfeixas no pudor da tua trama
o véu de castidade da beleza!
Prefiro, para amar-te, a mesma chama
da fé, porque és a catedral acesa
onde rezo, no culto que me inflama,
minha oração à língua portuguesa!
Soneto, em vão os deserdados da arte
clamarão contra ti, que os não socorres.
Mas eu me ajoelho para celebrar-te,
quando, afrontando todos os destinos,
ergues, no templo de quatorze torres,
a perpétua aleluia dos teus sinos!
O Soneto (Cruz e Sousa)
Nas formas voluptuosas, o Soneto
tem fascinante, cálida fragrância
e as leves, langues curvas de elegância
de extravagante e mórbido esqueleto.
A graça nobre e grave do quarteto
recebe a original intolerância,
toda a sutil, secreta extravagância
que transborda terceto por terceto.
E, como singular polichinelo,
ondula, ondeia, curioso e belo,
o soneto, nas formas caprichosas.
As rimas dão-lhe a púrpura vetusta
e, na mais rara procissão augusta,
surge o sonho das almas dolorosas…
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