Não Mais

Não Mais

Não Mais – Paulo Braga Silveira Junior

No olhar, já me dizias claramente
do que te era agonia e tua aflição
ao ver-me recoberto de paixão
e me envolvido em teu fervor latente!

Quisestes dar-me o fora desde então,
mas quis que fosse dado gentilmente
de forma a não ferir-me mortalmente
no que era pertinente ao coração.

Armaste o palco, a trama posta em cena,
e deste-me cumprir, pra sempre, a pena
me dada com palavras secas, frias…

Mas teu olhar já me contava tudo!…
Certeza tenho eu! Já não me iludo…
Faz tempo que não mais tu me querias!

O Olhar Revelador – Uma Jornada Poética no Soneto de Paulo Braga Silveira Junior

Paulo Braga Silveira Junior, poeta contemporâneo, nos presenteia com um soneto que mergulha nas complexidades do amor e das emoções não ditas. Em sua composição intitulada ‘Não Mais’, o autor nos conduz por uma jornada de desilusão e descoberta, onde o olhar revela verdades incontestáveis.

Nas palavras habilmente tecidas por Paulo Braga, somos transportados para a atmosfera carregada de um relacionamento prestes a se desfazer. O eu lírico, atento aos sinais sutis expressos no olhar do ser amado, desvenda a agonia e a aflição que já se manifestavam há tempos.

O poeta nos envolve em sua narrativa, descrevendo a inevitável separação que se aproxima, embora desejada de forma amena. A trama se desenrola em um palco montado meticulosamente, onde as palavras secas e frias se tornam a pena a ser cumprida por aquele que sente na própria pele o peso do amor não correspondido.

Nesse cenário de desilusão, o olhar assume um protagonismo incontestável. Ele conta a história que as palavras não têm coragem de expressar, revelando a verdade incisiva de que o sentimento se desvanecera há tempos.

Com maestria e sensibilidade, Paulo Braga Silveira Junior captura a dor da despedida e a inevitabilidade da conclusão que o olhar, por si só, já anunciava. Este soneto, com sua poesia intensa e introspectiva, convida-nos a refletir sobre os caminhos tortuosos do amor e os segredos que se escondem por trás de um olhar desvanecido.

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Olavo Bilac – Emoções Reveladas no Olhar.

Olavo Bilac, nascido em 1865, foi um dos mais renomados poetas brasileiros. Reconhecido por sua maestria na escrita de sonetos, Bilac é considerado um dos principais representantes do parnasianismo no Brasil, movimento literário que valorizava a forma poética e a linguagem precisa.

Em sua vasta obra, Olavo Bilac demonstrou habilidade ímpar em retratar sentimentos, paisagens e reflexões através da precisão das palavras. Seus sonetos são verdadeiras joias da literatura, em que a métrica e a rima se unem à beleza das imagens e ao cuidado com a expressão.

Neste contexto, compartilho com vocês o soneto ‘Em uma tarde de outono’ de Olavo Bilac. Neste poema, Bilac nos transporta para uma atmosfera nostálgica e melancólica, descrevendo a beleza da natureza em uma tarde de outono, e explorando os sentimentos humanos diante das mudanças e passagens do tempo.

Apresento-lhes, portanto, o soneto ‘Em uma tarde de outono’ de Olavo Bilac. Que essa obra nos envolva com sua musicalidade e poesia, nos permitindo vislumbrar a sensibilidade única desse grande poeta.

Em uma tarde de outono – “Outono” – Olavo Bilac

Em frente ao mar. Escancaro as janelas
Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.
Outono… Rodopiando, as folhas amarelas
Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto…

Por que, belo navio, ao clarão das estrelas,
Visitaste este mar inabitado e morto,
Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas,
Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto?

A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos
A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos…
Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!

E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,
E contemplo o lugar por onde te sumiste,
Banhado no clarão nascente do arrebol…

Olavo Bilac

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