Sob o Sol
Análise Comparativa: Múltiplos Matizes Sob o Sol
Bem-vindo ao esplendor poético onde cada palavra é um feixe de luz sob o sol da criatividade humana.
Sob a luminosidade inesgotável do sol, os poetas se tornam arautos de sua magnificência, entrelaçando suas palavras numa dança poética que transcende o tempo.
Das linhas fervorosas de Olavo Bilac aos sonetos reflexivos de Shakespeare e Fernando Pessoa, cada verso se torna um raio de compreensão sobre esse astro poderoso. A voz sombria, mas rica em nuances, de Gregório de Matos se junta a esse coro poético, explorando a fugacidade da beleza e a efemeridade da vida. E, ainda, encontramos a expressão única de Paulo Braga Silveira Junior, cujo soneto “Nasce” ressoa com a mesma reverência ao sol.
Nesta tapeçaria de versos, exploraremos as complexidades e as harmonias, unindo as vozes de poetas notáveis para celebrar a luz que tanto inspirou e continua a inspirar a poesia.
Nasce – Paulo Braga Silveira Junior
O sol nasce pra todos! É o ditado!
Pra Shakespeare, Bilac, pra Pessoa
que, em versos de um soneto lhe ressoa,
com todo encanto a o ser admirado!..
O sol brilhando a nós é coisa boa,
e traz prosperidade ao resultado…
É luz, é vida, é bom calor nos dado
por isso, o desejar, não é à toa…
Que brilhe o sol em ti como a poesia
que em todo amanhecer ele inicia
marcando a alma mansa e enternecida…
E haja, no teu peito, a gratidão
pulsando efervescente ao coração
por mais a bênção nele concedida!
Em uma sinfonia poética, Olavo Bilac, William Shakespeare, Fernando Pessoa e Gregório de Matos convergem para entrelaçar seus versos em torno do poderoso símbolo solar. O sol, esse astro radiante, torna-se o epicentro de suas reflexões, cada qual contribuindo com uma nota única nessa partitura diversificada.
O Sol – Olavo Bilac
Bilac inicia a celebração ao sol com um fervoroso “Salve, sol glorioso!” Sua ovação ao astro destaca não apenas sua função vital, mas a capacidade de transformar o cenário desolado, conferindo vida e cor à natureza. O sol é enaltecido como o pai do trabalho e portador da alegria, um anúncio vívido da própria vida.
Olavo Bilac – “O Sol”
Salve, sol glorioso ! Ao teu clarão fecundo,
A natureza canta e se extasia o mundo.
Que tristeza, que dó, quando desapareces !
Vens, e a terra estragada e feia reverdeces;
Abres com o teu calor as sebes perfumadas;
Dás flores ao verdor das moitas orvalhadas;
Os ninhos aquecendo, as gargantas das aves
Dás gorjeios de amor, e harmonias suaves;
E, cintilando sobre os tufos de verdura,
Em cada ramo põe uma fruta madura.
A noite é como a morte; o dia é como a vida.
Ó Sol, quando te vais, a alma vaga perdida …
Os pensamentos mais são os filhos da treva:
Fogem, quando a brilhar, no horizonte se eleva
O Sol, pai do trabalho, o Sol, pai da alegria …
Salve, anúncio da Vida, e portador do Dia !
William Shakespeare – Soneto 35
Shakespeare, mestre na exploração da dualidade humana, utiliza o sol obscurecido como uma metáfora para erros e imperfeições. A aceitação serena das faltas é comparada à inevitabilidade do lodo na fonte e dos espinhos na rosa. Neste soneto, o sol não é apenas a luz física, mas uma reflexão sobre a luz moral e as sombras da natureza humana.
Shakespeare – “Soneto 35”
Não chores mais o erro cometido;
Na fonte, há lodo; a rosa tem espinho;
O sol no eclipse é sol obscurecido;
Na flor também o inseto faz seu ninho;
Erram todos, eu mesmo errei já tanto,
Que te sobram razões de compensar
Com essas faltas minhas tudo quanto
Não terás tu somente a resgatar;
Os sentidos traíram-te, e meu senso
De parte adversa é mais teu defensor,
Se contra mim te escuso, e me convenço
Na batalha do ódio com o amor:
Vítima e cúmplice do criminoso,
Dou-me ao ladrão amado e amoroso.
Fernando Pessoa – Nem tudo é dias de sol
A voz introspectiva de Pessoa pondera sobre a dualidade da existência, aceitando a chuva tanto quanto o sol. Ele transcende a mera descrição física do astro, explorando sua analogia com a vida. A poesia de Pessoa é uma busca pela naturalidade e serenidade, onde a felicidade e a infelicidade coexistem como elementos intrínsecos da existência.
Fernando Pessoa – “Nem tudo é dias de sol”
… Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se
-Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E quando haja rochedos e erva…
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica…
Assim é e assim seja…
Gregório de Matos – A inconstância das coisas
Gregório de Matos, na tradição barroca, apresenta uma visão mais sombria. Seu poema reflete sobre a efemeridade de todas as coisas, comparando o nascimento e declínio do sol ao efêmero ciclo de beleza e alegria. A firmeza é encontrada somente na inconstância, uma reflexão única sobre a natureza volátil da vida.
Gregório de Matos – “A inconstância das coisas”
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
A Poesia em matizes multifacetados.
Sob o sol, esses poetas exploram a diversidade de experiências humanas. Bilac exulta na vitalidade e renovação, Shakespeare contempla as sombras da imperfeição, Pessoa abraça a dualidade e Matos, na sua expressão barroca, tece uma visão melancólica da fugacidade. Cada poema, um reflexo distinto da jornada humana sob a luminosidade solar, revelando que, como o sol, a poesia irradia em matizes multifacetados.