Poemas Curtos

Poemas Curtos

Poemas Curtos

Existem vários tipos de poemas curtos. Entre eles, existe o Soneto, que é uma pequena composição poética composta de 14 versos, com número variável de sílabas, sendo o mais frequente o decassílabo, e cujo último verso (dito chave de ouro) concentra em si a ideia principal do poema ou deve encerrá-lo de maneira a encantar ou surpreender o leitor.

Primeiramente vamos ver alguns “poemas curtos” de Fernando Pessoa, escritos de maneira natural, sem métrica ou divisão silábica. Logo em seguida, apresentaremos alguns “Sonetos” escritos por Paulo Braga Silveira Junior – sonetista brasileiro.

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Poemas Inconjuntos – Fernando Pessoa

Facilmente encontramos alguns poemas curtos nos escritos de Fernando Pessoa, sob o heterônimo Alberto Caieiro – Poemas Inconjuntos.

Abaixo alguns de seus melhores poemas.

Conheça aqui o livro de Alberto Caieiro (Fernando Pessoa) com a Obra Completa dos Poemas Inconjuntos!

Entre o que vejo – Fernando Pessoa – Poemas Inconjuntos (Alberto Caieiro)

Entre o que vejo de um campo e o que vejo de outro campo

Passa um momento uma figura de homem.

Os seus passos vão com “ele” na mesma realidade,

Mas eu reparo para ele e para eles, e são duas cousas:

O “homem” vai andando com as suas idéias, falso e estrangeiro,

E os passos vão com o sistema antigo que faz pernas andar.

Olho-o de longe sem opinião nenhuma.

Que perfeito que é nele o que ele é — o seu corpo,

A sua verdadeira realidade que não tem desejos nem esperanças

Mas músculos e a maneira certa e impessoal de os usar.

Hoje de manhã – Fernando Pessoa – Poemas Inconjuntos (Alberto Caieiro)

Hoje de manhã saí muito cedo,

Por ter acordado ainda mais cedo

E não ter nada que quisesse fazer…

Não sabia por caminho tomar

Mas o vento soprava forte, varria para um lado,

E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.

Assim tem sido sempre a minha vida, e

assim quero que possa ser sempre —

Vou onde o vento me leva e não me

Sinto pensar.

Não basta – Fernando Pessoa – Poemas Inconjuntos (Alberto Caieiro)

Não basta abrir a janela

Para ver os campos e o rio.

Não é bastante não ser cego

Para ver as árvores e as flores.

É preciso também não ter filosofia nenhuma.

Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.

Há só cada um de nós, como uma cave.

Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;

E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,

Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.

Poemas Inconjuntos – Fernando Pessoa

Navio que partes – Fernando Pessoa – Poemas Inconjuntos (Alberto Caieiro)

Navio que partes para longe,

Por que é que, ao contrário dos outros,

Não fico, depois de desapareceres, com saudades de ti?

Porque quando te não vejo, deixaste de existir.

E se se tem saudades do que não existe,

Sinto-a em relação a cousa nenhuma;

Não é do navio, é de nós, que sentimos saudade.

Sonetos de Paulo Braga Silveira Junior

Ainda no ritmo dos poemas curtos de Fernando Pessoa, apresentaremos abaixo sonetos do poeta mantenedor deste site – Paulo Braga Silveira Junior.

Sobrevivente – Paulo Braga Silveira Junior

Há um mar dentro de mim sempre agitado,
de vagas tão inquietas, mar bravio
a conturbar-me o ser, pobre navio
que enfrenta este oceano encapelado!…

Jamais das emoções estou vazio;
me ponho a ouvir o som e, então, calado
me sinto como um barco naufragado
e o coração perdido no extravio.

Ecoa o turbilhão cá dentro d’alma
prendendo ao peito a voz, roubando a calma…
Em mim se agita as águas… Me há um mar…

Eu, náufrago do verso, busco a rima
sabendo que a poesia se aproxima
e tudo o que ela espera é ver-me Amar!

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Náufrago – Paulo Braga Silveira Junior

Se agita o denso mar… Vem tempestade
por sobre os dias meus. Há solidão
tentando me enredar, em prontidão,
e sopram ventos de temeridade!…

Se fecham portas para o coração
pra que não venha ali serenidade;
instante de brandura é raridade…
Vou eu de encontro ao mar, na contramão.

Pesada, a chuva cai sem dó nem pena
a mando do amargor que me condena
querendo me afundar por entre as mágoas…

Não tenho o que temer. Não vou sozinho!
Se o mar quiser levar-me em torvelinho
meu Deus há de abrandar as fortes águas!!…

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