Besteira
Besteira – Paulo Braga Silveira Junior
Você me faz pensar cada besteira
se como eu fosse ao certo adolescente
no auge dos hormônios e ainda crente
de que a alegria é praxe costumeira!…
Inunda, displicente, a minha mente
chegando na nudez completa, inteira,
a despertar do amor qualquer doideira
por hábito que tem, tão seu, frequente.
Eu rio do que vem-me ao pensamento
e acaba que o prazer se torna o intento
nas horas em que faz-se a entrega a dois…
Qualquer besteira nossa é riso certo;
você comigo, eu com você por perto,
e a vida séria fica é pra depois!…
Soneto: Besteira – Paulo Braga Silveira Junior – Agosto/2020
Acompanhe-nos no Facebook – Clicando Aqui!
Outros Sonetos
#Poesia #Poema #Soneto
Anjo enfermo (Afonso Celso)
Geme no berço, enferma, a criancinha,
que não fala, não anda e já padece…
Penas assim cruéis, por que as merece
quem mal entrando na existência vinha?!
Ó melindroso ser, ó filha minha!
Se os Céus ouvissem a paterna prece,
e a mim o teu sofrer passar pudesse,
— gozo me fora a dor que te espezinha.
Como te aperta a angústia o frágil peito!
E Deus, que tudo vê, não t’a extermina,
Deus que é bom, Deus que é pai, Deus que é perfeito!
Sim, é pai, mas — a crença nô-lo ensina:
— Se viu morrer Jesus, quando homem feito,
nunca teve uma filha pequenina!…
A vingança da porta (Alberto de Oliveira)
Era um hábito antigo que ele tinha:
entrar dando com a porta nos batentes:
— “Que te fez esta porta?” — a mulher vinha
e interrogava. Ele, cerrando os dentes:
— “Nada! Traze o jantar!” Mas à noitinha
calmava-se. Feliz, os inocentes
olhos revê da filha, e a cabecinha
lhe afaga, a rir, com as rudes mãos trementes.
Uma vez, ao tornar à casa, quando
erguia a aldraba, o coração lhe fala:
— “Entra mais devagar…” Pára, hesitando…
Nisso, nos gonzos range a velha porta;
ri-se, escancara-se. E ele vê na sala
a mulher como doida e a filha morta!
[…] Besteira […]